quinta-feira, maio 31, 2007

Saudade e água de coco


Tiago,
Ahora te acompaño yo, tu nos acompañaste el año pasado. Estamos a mano.
Un abrazo.
José.


*********************************************************************************
Esta é a dedicatória que recebi do grande escritor, mímico, ator e diretor teatral José Vacas. Depois de ter ficado mais de um mês em sua casa, em Quito, dormindo e comendo de graça, ainda ganho esta homenagem tão especial. Seu livro El Bien Morir – Apuentes de un acompañante, só não foi presente maior que o carinho sincero de toda sua família neste tempo que por lá me hospedei.

Como fui parar em Quito? “Culpa” de Daniela Maria Vacas. Moça um pouco mexicana, um pouco equatoriana e muito Mineira. Formou comigo em História e cativou toda a turma de um jeito tão surpreendente que não pude deixar de aceitar seu convite de conhecer o Equador.

Digo que foi uma experiência fantástica. Achei Quito tão acolhedora quanto BH, mesmo sentindo um pouco de falta dos butecos de verdade. No entanto, encontrei no centro da cidade um bar bem curioso. A especialidade era a venda de shawarma, uma espécie de comida árabe (pão árabe, peito de frango, tomate, alface e molho de alho). Uma delícia.

Mas o que me fazia ir neste mesmo bar quase todos os dias era que todas as cadeiras e pôsteres eram da Brahma e esta também era a cerveja vendida, por apenas 1 dólar. Me sentia em casa. Além disso, o dono era de uma simpatia tremenda. Descendente de árabes, sempre sorridente, e deixava eu ouvir meus sambas numa boa.

Conheci outras cidades, outras culturas, dança afro-ecuatoriana, artesanato indígena, o meio exato do mundo. Experimentei porquinho da índia e abacate na sopa. Fiz um tour gastronômico. Conheci bolivianos, colombianos e chilenos. Fui numa boate de stripers. Fiquei bêbado sozinho pela cidade (duas vezes). Senti a altitude jogando bola num campo de terra, estando de ressaca. Esperei o bendito vulcão aparecer, num frio de rachar da laje da casa da Dani. Dancei salsa. Ensinei samba. Ouvi funk e axé num bar que parecia mais um corredor. Vivi loucas aventuras.

Vou contando devagar tudo que passei nesta viagem, mas este texto foi pra deixar bem claro a saudade que tenho da Dani e de toda sua família que me acolheram tão bem. Fica um aperto grande no peito sempre que lembro dos momentos que passei naquele país, no meio do planeta.
Pronto. Ta aí a saudade. A água de coco? É que acordei numa ressaca danada e tive que tomar dois pra me recuperar e poder escrever estas linhas. Pena que só cure a ressaca, e a saudade, fica... Apenas isso...

sexta-feira, maio 25, 2007

Diálogos


Ele – oi, tudo bem?
Ela – que?
Ele – Perguntei se está tudo bem!
Ela – Desculpe, o som ta meio alto, pode repetir?
Ele – PERGUNTEI SE ESTÁ TUDO BEM?
Ela – Agora não né, você me deixou surda, poxa!
Ele – Desculpe...
Ela – Nada a ver não...
Ele – Posso me sentar ao seu lado?
Ela – hum...
Ele – (sentando) Sabia que você é a mulher mais gata deste lugar?
Ela – o que?
Ele – (impaciente) Qual seu NOME?
Ela – Camila
Ele – Prazer, Flávio.
Ela – hum...
Ele – Vamos pra um lugar mais CALMO? Ali na VARANDA?
Ela – Uai. Tá!
Ele – Pronto, aqui dá pra conversar melhor. Seu nome é lindo, sabia?
Ela – Sabia sim.
Ele – hum...
Ela – Minha mãe se inspirou em Camile Claudel, sabe?
Ele – Ahn? Conheço só a Camila Pitanga, da novela.
Ela – Não vejo novelas. São o ópio do povo. Como diria uma máxima sartriana, a liberd....
Ele – (interrompendo) Quer beber algo?
Ela – hum...
Ele – Você é gata demais. Como uma mulher desta pode estar sozinha em uma festa?
Ela – Pra falar a verdade, sozinha em meio à multidão. Como diria Drummond: Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. Como diria minha avó, antes só do que mal acompanhada.
Ele – heim? Esse ai eu conheço. Aqueles das pedras no caminho né?
Ela – que?
Ele – Nada não. Quer dançar um pouco?
Ela – Não. Brigada Mário.
Ele – É Flávio.
Ela – anh?
Ele – Esquece. Já vi que você não vai me dar chance não é?
Ela – Uai. Chance de que?
Ele – de te beijar, poxa.
Ela – hum... talvez.
Ele – (esperançoso, novamente) Quero muito você.
Ela – Talvez a recíproca seja verdadeira...
Ele – Que?
Ela – Cala a boca e beija logo, porra!


Nada como os prazeres carnais...

segunda-feira, maio 21, 2007

Entre becos, ruas e vielas


Tendo como ponto de partida os becos, as ruas e as vielas, imagine-se num bairro de periferia, ao lado de morros e favelas. Agora desenhe em seu pensamento a favela propriamente dita. Inclua neste desenho uma rua estreita chama Brasil Tri-campeão. Vire à sua direta e conte alguns passos. Pronto! Novamente à esquerda e entrará no Beco 5. Então é só chamar na terceira casa o nome de Andréia Jamaica e será atendido com muita satisfação.

Não tendo estas intimidades, continue na periferia, entre no bar do Montes Claros e peça uma Brahma gelada. Também será muito bem atendido.
Vá até a padaria, ou à casa que vende chup-chup ou fique na beira do campinho olhando os moleques jogarem bola. Você será sempre bem-vindo num lugar assim.

Porque comecei a narração desta forma? Pra explicar para alguns desavisados que 99% das favelas, vilas e afins é composta por gente de bem, trabalhadora, e se isto não fosse verdade com toda certeza já teriam invadido o asfalto e ai sim a população (que se diz de bem, verdadeiros cristãos) teria razão para ter medo.

O incentivo para este texto foi ter lido em um blog português coisas fantásticas a respeito de nossas favelas. Não que eu tenha orgulho de morar em um país onde grande parte da população não tem o mínimo básico para sobreviver. Longe disso. Mas, do mesmo modo é estranho compreender esta lógica (da maioria das pessoas) onde o meio faz o ser. Ou seja, uma pessoa nascida em uma região desprovida de riqueza está fadada à marginalidade? Mais determinista impossível.

A maioria dos comentários neste blog português, por incrível que pareça, tinham como base o filme Cidade de Deus. Duvido que Paulo Lins queria despertar preconceitos quando escreveu tal obra, mas, ao chegar em determinado destino, o que se pode fazer? Cada um concebe a idéia da forma que acha mais conveniente. Ou não? Seria um preconceito vivente que já faz parte definitivamente de qualquer ser humano?

Acho graça. Rir pra não chorar. Minha idéia para amenizar este problema? Primeiro: Desligue a televisão. Depois tire a bunda da cadeira e vá conhecer a realidade que transborda à sua volta. Falta sim um pouco de realidade na vida das pessoas. Nua e crua, como dizem.

Abusei da crítica neste relato. Fica a dica: Ouça Racionais Mc´s. Músicas: Negro Drama e Jesus Chorou. Boa hora pra expelir preconceitos e refletir. Já é um começo.

Inté!

sábado, maio 12, 2007

Os Magistrados caem no samba


Normalmente não lembro dos sonhos que tenho. Sempre acordo meio que embriagado, daquele jeito mole e bobo. No entanto, ultimamente tenho prestado mais atenção nos pensamentos matutinos.

Nada muito sério é claro. Coisa tola, sem importância, mas que tem deixado o começo do meu dia um pouco mais alegre.

É incrível que, com a mente limpa, as idéias conseguem se sobrepor de uma forma muito mais dinâmica. Consigo pensar tanta besteira junta que nem dou conta de acompanhar.

Nesses últimos dias passei da conta. Não foi um sonho, mas uma idéia absurda. Lembrando de um carnaval, me veio à cabeça, não me pergunte porque, a imagem de um bloco onde só se reuniriam magistrados, intelectuais e grandes nomes que figuram por aí.

Por ser um amante do samba, tentei organizar de forma mais que correta cada personagem deste enredo macabro.

Pra começo de conversa a comissão de frente, com Umberto Eco, delimitando cada compasso a partir do seu delicioso livro ‘Como se faz uma tese’. O público iria à loucura.

Em segundo lugar, pensei na bateria. Ninguém melhor do que Eric Hobsbawm de baqueta e apito na mão, coordenando toda a percussão. Com direito à paradinha e tudo. O cara é um gênio.

Próximo quesito, o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Direto da USP, cheia de ginga, Marilena Chauí, quebrando todas, ao lado do não menos importante e também filósofo Renato Janine. Casal nota 10, com toda certeza.

Como madrinha da bateria, ninguém menos do que Laura de Mello e Souza, requebrando e levando o público novamente ao delírio.

Fernando Henrique Cardoso poderia ser o presidente da escola, mas, com sua retórica pra lá de vazia, pegaria uma função como ajudante da ala dos compositores. Tem sua importância né.

Sem mais delongas, empurrando os carros alegóricos, sendo insultados pela multidão, num raro momento de vaias, um quarteto do barulho: Olavo de Carvalho, Diogo Mainard, Reinaldo Azevedo e Arnaldo Jabor. E é melhor parar por aqui, porque se não deixa de ser sonho e vira pesadelo.

Agora só faltava saber o samba enredo né. Um dia eu chego lá.


Dica da hora: Filme – Quanto vale ou é por quilo? Direção de Sérgio Bianchi. Há muito tempo não via um filme nacional tão crítico à realidade de nosso país. Um paralelo interessantíssimo entre o comércio de escravos no século XVII e o mercado terceirizado dos dias atuais, além de criticar ferrenhamente empresas que exploram a miséria e lucram rios de dinheiro com o chamado marketing social. Deliciem-se pois vale a pena.

quinta-feira, maio 10, 2007

Tempos idos II - A missão


Falando em Nostalgia, dias atrás achei um velho caderno de redação da escola (na época chamava-se composição). Eu estava na 4ª série e tinha apenas 10 anos. Reescrevo uma das histórias agora. Linguagem bem infantil, mas parece que eu já sabia o que queria da vida! O ano era 1994, o colégio, São Mateus, e a professora, Ellen.

E o pior... aconteceu!

A minha vida era ótima. Eu era feliz, gostava de todos e todos gostavam de mim.
Eu era convidado para qualquer festa do bairro. E foi em uma festa que estraguei minha vida.

Eu tinha uns 17 anos e nesta festa já tinha “enchido” a cara, já passava da meia noite, eu já tinha dançado ate cansar, foi quando ela apareceu... Ela era linda, a garota mais bonita que eu já tinha visto

Eu olhei para ela, mas ela virou a cara, depois de muito tempo tentei ir conversar, convidei-a para dançar e ela aceitou. Dançamos a noite inteira, até ela ir embora.

Já era de manhã, eu estava com muita ressaca. E depois descobri que ela estudava na mesma escola onde eu estudava.

Na segunda feira a encontrei no colégio, nós começamos a conversar e depois deste dia ela não largou mais do meu pé, eu já estava me enjoando daquilo.

Passaram-se três anos e mesmo assim ela não me deixava em paz

1° E o pior aconteceu – Ela me pediu em casamento, e eu, igual um burro aceitei porque fiquei com pena dela. Dizer não que eu não poderia né.

Nos casamos e depois de muitas brigas eu descobri que estava vivendo com um verdadeiro dragão.

2° E o pior aconteceu – Hoje eu vivo com um dragão, minha sogra, dois filhos, e um cachorro (meu sogro), estou desempregado, sem um tostão, pagando aluguel e infeliz.

Tudo por causa do casamento!

31/10/1994 – 4ª série, 10 anos de idade.

É... as coisas mudam?? Só gostaria de saber de onde eu tirei essa idéia. Poxa.. 10 anos?

Pra não perder viagem: Ouça: Show Opinião – Encontro Histórico e militante entre Nara Leão, Zé Kétti e João do Vale em 1964. Excelente proposta, misturando teatro e o melhor de nossa Música. Recomendo!

quinta-feira, maio 03, 2007

Tempos idos


Navegando pelos mares da internet me deparei com uma notícia um tanto quanto curiosa. O grande astro do rock Mick Jagger decidiu abandonar sua autobiografia por achar tedioso pensar e relembrar o passado. Os fãs não aceitam um tipo de desculpa como essa, mas eu, considero totalmente plausível. Pensar muito no passado é realmente um saco! Se ainda fosse possível uma autobiografia não autorizada, poderia ser mais interessante.

Confesso, sou historiador, professor de história, e como entendido do riscado digo que pensar no passado só não é mais chato do que tentar entendê-lo. E ainda tem aqueles que tentam com isso fazer projeções para o futuro. Benzadeus... Maior preguiça não existe.

A vida do famoso cantor deve ter sido movimentadíssima, vivendo intensamente os bastidores deste mundo louco do show business, cheio de mulheres, drogas e muita música. Até a Luciana Gimenez entraria no livro, pensa só? Desistiu na hora certa, meu velho.

A verdade é que a nostalgia incomoda um bucado. É só lembrar quando tem aquelas festas de família e vai todo mundo sentar no sofá ver as fotos daquele antigo álbum empoeirado. Lembranças lindas, história engraçadas. Sempre tem aquele segredo de um tio chato que ninguém queria contar (e nem saber) ou coisas do tipo.


Essa parte até que é relaxante. Ainda mais quando as pessoas estão bêbadas. A bebida socializa, não é? Mas o que destrói esses momentos é o velho sentimento de respirar fundo e pensar: “Poxa, a gente era feliz e não sabia heim”. Muito bla bla bla pro meu gosto. E tem sempre alguém que diz esta bendita frase. Deve ser lei, ou algo do tipo. Será que o povo guarda apenas os bons momentos?

Taí uma grande inverdade que agora tento derrubar. Quando dizem que brasileiro não tem memória... Até parece. Todos no boteco que freqüento sabem escalar a seleção de 70, o time do Cruzeiro de 66 e o do Atlético de 71, com comissão técnica e tudo. Todo mundo lembra quem matou Odete Roitman. Então, penso eu, memória temos. Selecionar o grau de importância destas é que acaba complicando e estigmatizando nossa pobre nação. Não considero ninguém obrigado a lembrar todos os países do leste europeu, ou as capitais do Brasil ou os afluentes do Rio Amazonas. Mas queria saber porque raios ninguém lembra quem é Paulo Maluf. Se ele ainda tivesse matado a tal da Odete Roitman, hoje com certeza não seria deputado novamente.

Com estas lembranças, acabei me esquecendo do grande Mick Jegger, assunto principal deste texto. Pensando bem, se nem ele se interessa por sua história, porque eu me interessaria? Grande Jagger, acaba de salvar minha crônica, e eu, pelo menos reflito, mais uma vez, porque não fui fazer medicina ou algo que desse dinheiro, como ter um filho com um astro de rock (grande Luciana, e ainda chamam ela de burra).


Antigamente não pensava tanto nisso. Acabou o pique da faculdade, as noites intermináveis, a responsabilidade quase nula. É fato, estou envelhecendo. E como não fujo das minhas tradições, encho o peito e grito: Eu era feliz, e não sabia!

Viver ou ser feliz?


Hoje, enquanto assistia ao excelente filme sobre a vida de Vinícius de Moraes, alguns relatos me impressionaram bastante. Além dos amigos que não economizaram elogios, quando Chico Buarque, Ferreira Gullar ou Tônia Carreiro apareciam em cena era para materializar de alguma forma o modo aparentemente surreal em que o poeta vivia.

Não ligava pra dinheiro nem posições sociais. Vivia intensamente e morria do mesmo modo em amores quase sempre espontâneos como de uma criança. Simplesmente deixava a vida correr solta, fazendo o que realmente gostava de fazer.

O próprio Chico diz em uma das partes, que, dificilmente existiria um outro Vinícius nos dias de hoje, explicando que seria impossível viver com tanta doçura e ingenuidade em um mundo tão competitivo e indócil.

O modo de vida me impressionou sim, confesso. Me senti como quando era criança, e ao ver um filme de ninjas queria sair lutando com espadas e roupas pretas. Sempre tive muito disso. Lembro quando vi Forrest Gump pela primeira vez e pensei em sair correndo como o personagem do filme. O máximo que consegui foi uma volta no quarteirão, é claro, mesmo ainda não sendo uma época de boemia. Era uma criança poxa! Hoje em dia não conseguiria nem meio quarteirão. Andando... Voltando ao relato:

Dessa vez soou um pouco diferente. Sempre pensei em poesia como algo vivo, assim como a música ou o teatro ou o cinema ou tudo isso junto. Sempre pensei que, para atingir um nível agradável à arte, a pessoa deveria se desprender de algumas coisas consideradas “normais”. De certa forma, vontade de beber uísque ou ter grandes amores, fazer poemas e músicas tão revolucionárias para o cenário artístico brasileiro, não me faltou, mas o que melhor representa o que agora sinto, é a sensação de liberdade e desprendimento tantas vezes demonstrada pelo poeta.

O fato de amar até o fim de sua tão famosa chama (que não seja eterno, posto que é chama) já era compensador para acender uma nova fagulha ainda mais intensa (mas que seja infinito enquanto dure). Pode ser uma grande bobagem o que escrevo, ou talvez não entendi muito bem, e realmente penso não ter entendido, mas, o que ainda fica é esta frase, martelando em minhas idéias: “é melhor viver, do que ser feliz”! E agora?

Escrita, realidade e falta do que fazer

Escrita, realidade e falta do que fazer

Sempre fui um grande fã de crônicas, contos e afins. Fernando Sabino, Rubem Alves, Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, e outros, são uma constante em minhas leituras. Todos estes, sem exceção, já produziram algo sobre a arte de criar, o fazer, o brincar com as palavras. Admiro esta genialidade. Principalmente pensando naqueles cronistas que tinham que escrever diariamente para jornais e revistas. Imagino um dia que a falta de assunto batia (e devia inevitavelmente bater). Nada de interessante parecendo que vai surgir.

Então o gênio pensa: Escreverei sobre a falta de assunto! Perfeito!
Sendo o nosso querido país uma verdadeira piada pronta, ultimamente o que realmente não falta é assunto, principalmente quando enveredamos pra política, pro futebol ou pra música.

Explorar a bizarrice ou extrapolar ainda mais uma notícia que pode parecer inofensiva é algo tão mágico e oportuno para um cronista quanto deve ser para um político pedir propina. É tão natural e inexplicavelmente impuro, um gozo de fortes emoções. E chega de analogias!

Ao certo, finjo que não estou tão atoa, e me acabo em pensamentos, viajando por linhas e sílabas, até encontrar algo coerente ou interessante para contar. Sempre escrevi para que os outros pudessem ler (mesmo quando não mostrava pra ninguém). Algum fetichismo talvez.

Ater-me a este ofício neste momento é algo tão gratificante quanto me jogar ao mar num lindo dia de sol, esquecendo é claro o detalhe; nunca aprendi a nadar.

Por fim, estou desempregado, mas não desesperado. Escrevo para passar o tempo, e quem sabe, um dia ser reconhecido por alguma obra deixada. Sonhar é bom e travesseiro barato. E me orgulho do meu novo status, entrando de vez nas estatísticas brasileiras.