sexta-feira, dezembro 26, 2008

calmaa..... recesso!!

Pessoas queridas! Lhes peço paciência com este pequeno recesso... Eu e Alexander estamos tirando merecidas férias no Rio de Janeiro, com muito samba, sol, cerveja, mulheres semi-nuas e por ai vai!!

Prometo que novos textos já serão publicados e com certeza voltaremos com muitas histórias pra contar.


abraços!!

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Curtas - 2


Papai Noel


Sempre que penso em emprego ruim lembro-me dos pobres que se vestem de Papai Noel e tem que aturar tanto pirralho em um shopping num calor infernal. É pagar todos os pecados de uma só vez.

Por sinal, mandei minha cartinha. Pedi muito juízo, uma casa com quintal e um Gol 2008, por que ouvi dizer que ta na moda. Apenas o primeiro pedido deve ser rejeitado. Dificuldade na entrega, segundo dizem...


Crise


A crise não atinge o governo Aécio. Nem quando uma manilha da belíssima Linha Verde estoura. Mas é claro. Ouvi dizer que Aecinho não ficou em BH durante a chuva. Pudera né. Lugar alagado pra ele, só Veneza e olhe lá.


Samba


Prometi tirar férias do samba, indo para o Rio de Janeiro. Juro que não é incoerência! Fato é que minhas camisas e roupas em geral de tão batidas e repetidas não podem mais sair em foto nenhuma das casas daqui. Já estou sendo conhecido como aquele menino de dread da camisa azul. Assim não dá. Parece que estou vivendo sempre o mesmo dia... Maratona eternaaaa...


Bate papo


Diálogo pertinente com pessoas no buteco da esquina de casa (e na escola e na rua e na família e no cartola e no ziriguidun...):

-Te vi no Super rapaz! Tá famoso heim.

-Pois é. Sai no jornal O Tempo também, vocês viram?

-Onde?

-Nada não. Doido né!

-Me empresta uma grana? Tá rico agora heim!

-Já gastei tudo!

-Sério? Como?

-No samba uai, onde mais? Pergunta besta sô...

E bato em retirada....


Fim de ano


Ainda sem saber o que fazer... Não sei se caso ou compro uma bicicleta; não sei se cago ou saio da moita. Difícil decisão.

Na pior das hipóteses fogos da Alterosa na Pampulha! Um show de entretenimento com direto a focos da dengue e muito engarrafamento!


Promessas


Prometi emagrecer 10 quilos, beber menos, escrever mais, estudar mais, sair menos, comprar uma bicicleta, escrever um livro, não ter um filho e nem plantar uma árvore.

São promessas sensatas e que podem acontecer basta esperar o tão sonhado milagre e uma ajudinha de São Cosme e São Damião.


Lembranças


-Sabe aquela música?

-Que música?

-Aquela sô, que tocou aquele dia.

-Ajuda muito...

-Ela diz assim: lalalalala Tum Tum ta ta! Lembrou?

-Quase! Tô na dúvida entre o hino de Angola e a 5ª de Beethoven...

-Palhaço!


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Se tudo der certo amigos, dia 24 têm um belíssimo conto de Natal para vocês!! ou dia 25... porque hoje é aniversário de mi madre e não sei se terei tempo!

Aproveitar pra mandar Parabéns pra ela! hehe

Beijo Maãaaaaeee!!!


e Grande abraço para todos!


Foto: Luiz Carlos (essa foto será marca registrada de textos curtos! Ondas, curtas, sacou? Eita! Tô péssimo!)

quinta-feira, dezembro 18, 2008

O Universo Fantástico da Filosofia de Boteco



Número 5


Dia e hora desconhecidos.


Não me lembro que dia foi. Nem onde estava. Mas foi dia desses, véspera de embriaguês natalina. Sei que me lambuzei, que me sujei. Por sorte, passei despercebido. Como geralmente acontece, não fui notado por ninguém. Ainda bem.


De repente, a escuridão. Tive aquilo. Aquilo, chamado clinicamente de coma alcoólico. Mais de repente que a própria escuridão, o som. Alto, limpo, tocante.


No phone, no pool, no pets

I ain’t got no cigarettes, ah but (...)


Uma música que, dizem, conduziu milhares de pessoas ao hábito de fumar cigarros. Acho péssimo que sejamos tão suscetíveis à opinião alheia. Quanto mais a uma música. Mas continuo. Pois, mais de repente ainda que a escuridão e a música, surge alguém, que não demoro a reconhecer.

_ Oi, Sujeito.

_ Oi, Seo Noel.

_ Já é quase natal e você ainda não fez seu pedido. Não pode deixar as coisas pra última hora assim, que você quebra minhas pernas.

_ Foi mal. Fico feliz por vê-lo.

_ Já sabe o que vai pedir?

_ Sei, sei.

_ Pois diga.

_ Quero uma nova chance.

_ De novo? Faz mais de 20 anos que você sempre faz o mesmo pedido.

_ O senhor sabe: Termino todos os anos com a sensação de que fiz tudo errado. Termino todos os anos precisando de uma nova chance.

_ E eu sempre tenho que ser criativo para realizar seus desejos natalinos. Você tem um gênio complicado.

_ Por que descomplicar o que posso complicar?

_ Por que não faz como seu irmão? Ele sempre pede algo bem concreto. Este ano ele pediu uma grana. Pra pagar aquelas dívidas...

_ Coitado. Pai de três filhos.

_ Ser pai é uma dádiva. Do jeito que fala, parece que ser pai é uma doença, algo grave.

_ Não deixa de ser algo grave. E não vou mudar meu pedido. Quero nova chance.

O bom velhinho faz uma pausa. A música não.


Old worn out suit and shoes, I don’t pay no union dues

I smoke (…)


_ Não quer trocar seu pedido por um IPOD, roupas bacanas e algum status?

_ Não, não.

_ Com esta crise mundial estamos atendendo somente pedidos dos homens de boa vontade. Foi por intervenção direta minha que não cortaram você da lista.

_ Fico grato. E vê se o senhor não demora a entregar minha nova chance.

_ Veremos. Vou garantir nada. Tenho que ir. O SAMU está a caminho, logo você acordará.

_ Seo Noel, tenho dividido experiências pra lá de verídicas com amigos-leitores, em um blog. Será que não dava para mandar uma mensagem bonita para o pessoal? Sei lá, acho que eles iriam gostar.

Seo Noel parece saber que mensagens natalinas estão fora de moda. Mas aceita o desafio. O velhinho é razoável com as palavras.

_ Que esses seus amigos-leitores contaminem-se pela paz. Se a paz for impossível, que, ao menos, não exagerem na violência física. Que eles entendam o absurdo que é dirigir embriagado. Que seus amigos-leitores não se afastem das pessoas belas e de bom coração; nem deixem que as pessoas de bom coração se afastem. Vivam! Vivam e me esqueçam! Deixem-me em paz e deixem os presentes para outra data, quando os preços serão melhores!


As palavras do bom velhinho tocam-me a alma. Despertam-me de volta à vida. O SAMU chega. A escuridão e Seo Noel somem. A música continua.


I sing,

Trailer for sale or rent

Rooms to let fifty cents (…)


Sinto dores freqüentes em meu estômago. Sinto orgulho por não ser Flamengo. O Universo Fantástico não pode parar. Porque o mundo gira. Dá voltas e mais voltas. Mas não dá muitas explicações.


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Texto: Alexander Reis

Ilustração: Pablo Leandro


Eventos Culturais (orkut): clica ai

terça-feira, dezembro 16, 2008

Chuva


Noé, sem muito o que fazer no Paraíso, sentindo-se com uma pontinha de inveja da atenção dada a Papai-Noel nesta época do ano e também muito triste com a vitória são paulina no Campeonato Brasileiro pede encarecidamente para seu parceiro de truco aos domingos São Pedro, conhecido também como Xangô e apelidado por alguns de Tupã, que mande à terra Brasil uma interminável chuva, plagiando descaradamente Gabriel Garcia Márquez em seus Cem anos de Solidão.


Este, depois de sua famosa Arca, não teve mais nenhum lampejo de criatividade, tadinho. Xangô Pedro de Tupã, muito obediente e entediado, depois da chuva de Floripa (alvo errado, segundo ele mesmo) atende ao pedido, com uma condição. Jogaria tudo primeiramente em Belo Horizonte, para nos castigar pelo resultado das últimas eleições municipais. Segundo turno como aquele, nem no Inferno de Dante se passaria.


Esta é a minha explicação, mais que plausível, para o tanto de chuva que está caindo em nossa querida Belô. Todo mundo está careca (foi mal João) de saber que aqui quando chove, literalmente, fo-deu!


Trânsito impraticável com a “ajuda” da BHTRANS, enchentes, casas caindo.... Não somos preparados pra tanta água, caso fosse o contrário já tínhamos juntado uma graninha e comprado todo o estado do Espírito Santo, acabando de vez com a moqueca capixaba e talvez com a micose na Praia do Morro e Itaoca.


A verdade é que, esta crônica está atrasada por que a preguiça se abateu sobre mim. É o preço do sucesso. Me senti Dorival Caymmi, deitado na rede, de pernas pro ar, pensando pra lá de Maracangalha. Levantando o dedinho para pedir ao solicito São Miguel Arcanjo, conhecido também como Logum, filho de Oxossi e Oxum, uma água de coco bem geladinha, por que no céu tem um sol quente dos infernos, oxente...


Preguiça que como todos sabem é um dos sete pecados capitais, segundo São Tomás de Aquino, que até onde sei, era conhecido como São Tomás de Aquino mesmo.


Vou sonhando com praias tranquilas e cachoeiras desabitadas para acordar com cheiro de esgoto e cachorro molhado.


No mais, aproveito estas palavras para agradecer a todas as mensagens sobre a Maratona, avisar que saiu duas notas na imprensa, Jornal O Tempo e no Super e dizer também que sexta agora é dia de crônica de Alexander e ilustração de Pablo Leandro em mais uma jornada de bar em bar...


Entonces, aviso também que semana que vem tem novidades em nosso humilde Blog. Obrigado pelas visitas e boa gripe à todos, por que com essa chuva, pelo menos uma constipaçãozinha deve acabar rolando.


Abraços e até a próxima!


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A foto é do Luiz Carlos. Nem sei se ilustra a crônica, mas tinha muito tempo que não colocava nada dele!

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Maratona, samba e Chico Buarque


Existem sonhos que podem parecer pesadelo, e vice versa. Quer um exemplo? Sonhar com o show do Chico Buarque seria algo maravilhoso, mas quando o amado infeliz começa a tocar Samba do Grande Amor, pode acabar virando pesadelo. Achou estranho? Explico por que:


Durante esta dura maratona do samba, a música do Chico, que eu tantas vezes aclamei por ser tocada, foi executada nada mais nada menos do que onze vezes. Isso mesmo minha gente! ONZE vezes! Haja Samba e Haja Amor!


Na falta do que fazer, eu e Lucas, fomos tentando acompanhar quantas vezes os repertórios se misturavam. Com o Chico na ponta, em segundo contamos com o grande Zé Kéti e seu A voz do morro e a partir daí, vários outros clássicos, cantados por diferentes artistas, por umas sete, oito interpretações.


Nada contra. Sou apaixonado por samba e nunca deixarei de ser, mas juro que em certos momentos queria demais ter nascido um desengonçado dinamarquês, e nunca ter ouvido nem sequer uma nota sincopada. Novidade sempre é bom.


Fui guerreiro, homem forte, filho do norte (zona norte, noroeste, por ai) e com isso venci todas as repetições exaustivas e acabei me exaurindo com o show final no Cartola Bar, com muita Brahma gelada e cachaça seleta e vale-verde!


Nem a falta de comida, banho ou sono foram capazes de me fazer desistir. Nem eu e nem meus companheiros, deixo bem claro. Fomos todos heróis, merecedores desta honra concedida. Somos sim os maiores foliões de Belo Horizonte e ai de quem se opor. Vai encarar? Fique então 72 horas, mané!


Brincadeiras a parte, após a vitória tive meus 15 minutos de fama, com muitas fotos, conversas atravessadas e pouco diálogo compreensivo. Me senti um verdadeiro BBB, tirando o fato de não posar pra G magazine , dar entrevista pra Ana Maria Braga e muito menos ter que aturar o Pedro Bial. Seria demais!


Deixo bem claro que esta aventura ficará marcada para sempre, inclusive por que nunca mais recuperarei o sono perdido, segundo o Google. A grana do prêmio infelizmente já está no fim. Estou gastando justamente no samba, queriam o quê?


Outra dessa? Desculpe decepcionar meus novos fãs (uns 2 ou 3), mas creio que não participo. Mesmo sendo samba não grado de competição, tensão ou coisas que envolvam disputa acirrada. Me dá um preguiça danada.


Na próxima incentivarei os participantes tomando minha cerva gelada e curtindo, sem compromisso, quem sabe até, O samba do grande amor! Valeu Chico! Valeu a todos!


Para terminar, aí vai, só mais dessa vez, eu juro: Hoje eu tenho apenas uma pedra em meu peito, exijo respeito não sou mais um sonhador, chego a mudar de calçada quando aparece uma flor e dou risada pro grande amor, MENTIRAAAA!!!!


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A foto é minha! Morram de inveja!
Palácio das artes, 2007!

terça-feira, dezembro 09, 2008

Maratona - O fim! (agradecimentos e rasgação de seda)

Sim minha gente! Após 48 horas de muito samba, chegamos ao fim desta Primeira Maratona. Foi divertido, cansativo, e surreal em vários momentos. Tenho uma lista de agradecimentos e juro que nem sei direito como escrever tais fatos. Adianto que EU GANHEI esta peleja! Consegui ofuscar a vitória são paulina no Brasileirão!!!


Foi fácil não, viu! Começarei do começo, dividindo este relato em dois posts, sendo assim, paciência! Lembro de várias coisas, ou alguns flashs, sei lá. Vou contando devagarim, miudim, mesmo por que ainda estou meio zonzo depois de tanto batuque.


Penso o seguinte. Ficaria meio chato uma narração linear de todo o trauma. Vou apenas jogando algumas impressões. Não quero parecer pretensioso ao ponto de vocês acharem que ganhar essa maratona de samba ou a são silvestre tem o mesmo valor. É óbvio ululante que o samba vale bem mais e faz muito mais sentido do que simplesmente correr.


Pra começo de conversa, agradeço aos meus amigos João Carlos, Alexander e Reinaldo, que me apoiaram pacarai, não só nas caronas entre as casas de samba, como também na boa companhia. Aline e Luciana também, indo me ver de manhã, que com certeza era o horário mais difícil. Agradeço também a todos os outros que foram me visitar em cada samba, mesmo estando eu em outra dimensão, incapaz de uma conversa coerente. Maíra, Marina, Renata, Rafa, Pablo, Michele, Igor, Alberto, Ana Paula, Guilherme, Venúncia, Adelino, Denise e todos os outros.


Continuando, gostaria também de citar as ótimas amizades que fiz durante esta trajetória: Lucas, oponente dos mais honrados que acabou virando um grande aliado! Flávia que nos divertiu muito, Camila, mesmo tendo dormido tanto foi sempre uma graça, Adrilene pela boa conversa e carinho, Mateus, Cosme, Josi, Joyce, Danúbia, Marina Gomes... eita... gente demais da conta.


Por fim, os sambistas e organizadores, porque sem eles nada disso seria possível: Miguel dos Anjos, Janaína Moreno, Mestre Jonas, Dé Lucas, Ricardo Acácio, Marcelo Roxo, Ronaldo Leon, Fábio, Peterson, Fred nego véio, Mário Moura, Rudney Carvalho, Warley Henrique, Arthur Carvalho, Toninho Gerais, Sérgio Danilo, Diza Franco, Mateus Bahiense, Thiago Delegado, Rogério San, Solange, Fernando, Du, Ana e sinceras desculpas se esqueci de alguém.


Foi ótimo também ter conhecido Edu Krieger, grande compositor carioca e um exemplo perfeito de que talento e humildade podem conviver tranquilamente. Ainda teve que me aturar bêbado, oferecendo cachaça! Pobre coitado! Fernando Bento também deu show! Parabéns aos dois!


É... ainda estou em repouso! Por isso vou ficando por aqui. Próximo texto volto com minhas rotineiras ironias e espero já ter me lembrado de alguns momentos. Será que bloqueei conscientemente algum acontecimento? Vá saber...


No domingo, mais pra lá do que pra cá, lembro parcialmente do show de Nei Lopes. É a vida né...


Recebi o Prêmio e hoje sou o maior folião de Belo Horizonte! Que honra!


Ô Sorte, como diria uma nêga linda que conheço! Ô Sorteee!!!

quinta-feira, dezembro 04, 2008

O Universo Fantástico da Filosofia de Boteco


Número 4


Quinta, 06h45min


Pois é. Foi ainda no horário em que costumo passar com as deusas que colorem meus sonhos, que encontrei em bela manhã o colega Bicho-do-Mato. E uma atraente garrafa que se aproximava do fim.


_ Ô rapaz. Você na minha esquina?, escornadão. Malzão. O que acontece?, terminou com a namorada?

_ Vão comemorar. Vão beber, vão chapar!

_ Bicho-do-Mato, você está bêbado.

_ Como adivinhou? Um brinde ao adivinhão! – ele grita.

_ Comemorar o quê? Resolveu casar? Pensei que você morreria solteiro e sozinho.

_ Vão comemorar o sucesso, meu amigo. Vão brindar a glória, a fama!

_ Bicho-do-Mato, não sei o que você anda usando. Mas estas drogas de hoje em dia são muito pesadas. Cuidado.

_ Tô usando nada, não. Tô comemorando porque você tá ficando famoso com estas filosofias abiloladas...

_ É?

_ Consegui marcar uma entrevista para você conceder hoje à tarde, ao AQUI. Daqui a pouco tá famoso. Quem sabe paga aquela grana que me deve.

_ No AQUI?

_ Não reclama. Pra começar está bom. Tim-Tim!


14h23min


_ Um amigo meu diz que vocês jornalistas são todos uns canalhas, no que concordo. Mas você é um canalha atrasado. 23 minutos atrasado – digo, pra descontrair.

_ Vamos começar logo. Daqui a pouco tenho que apurar um caso de uma mulher com três pescoços, lá no Venda Nova.

_ Eletrizante. De onde tiraram a idéia de me entrevistar? Eu não tenho três pescoços, pelas minhas contas.

_ Estamos começando uma série de reportagens sobre pessoas perturbadas e esquisitas. Ontem, por coincidência, estava tomando uma com o Bicho-do-Mato. Ele disse que precisávamos te conhecer!

_ Ah, entendo.

_ Podemos...? Vamos logo. Como você se define?

_ Sou um Sujeito assim, digamos, indeterminado.

_ Okay...

_ Espera. Posso mudar minha resposta?

_ Sem problemas.

_ Sou assim, como um caminhão sem freio.

_ Okay, próxima. Você acredita que esta tal filosofia de boteco pode melhorar a vida das pessoas?

_ Acho improvável. Espera. Posso mudar minha resposta?

_ Sem problemas.

_ Acho impossível, anote aí.

_ Sim, sim. Confesso que esperava respostas polêmicas. Loucas. Malucas. Não sei. Pelo que o Bicho do Mato havia contado, pensei que fosse um completo desequilibrado.

_ Nunca cometi crimes passionais.

_ Tudo bem. Vamo lá. Em que se inspira para criar suas teses?

_ Tomo uma tinguaça, aí baixa o santo!

Agora ele se empolga, tendo em vista alguma aparente perturbação em minha alma.

_ Sério? Você incorpora o santo?

_ Não, mas é o que você quer escutar, não é?

_ De certa forma.

_ Por isso as pessoas mentem.

_ Como assim?

_ Mentimos por 3 razões básicas: 1) Porque sabemos as mentiras que os outros querem (e/ou precisam) escutar.

_ Continue.

_ Pois bem, 2) mentimos ainda para escaparmos de encrencas e 3) para culparmos alguém por conta de alguma encrenca.

_ Legal. Às vezes, em uma mentira englobo todas essas razões! Mas só minto profissionalmente.

_ O único problema da mentira é que ela não é verdade, não acha?

_ Acho que se esqueceu de uma razão básica que todos temos para mentir!

_ Nunca esqueço nada – eu digo, mentindo sem qualquer razão.

_ A única forma de justificar uma mentira é contando outra: razão básica de muitas mentiras!

Agora o danado me pegou. Mas escapo.

_ Considero essa apenas uma razão secundária. Não, básica. É isso.


Nossa conversa avança; torna-se razoavelmente interessante. O repórter, parece-me, começa a entender que o bizarro está no lugar-comum e que muitas coisas esquisitas são tidas como normais. Empolgo-me. Quem sabe uma matéria de capa! Até que ele diz:

_ Uma última pergunta, para fechar. Pode a filosofia de boteco ajudar na solução de crimes em bares, nunca resolvidos?

_ Que sandice! Some daqui. Vaza! Canalha vagabundo.

_ E você, vá procurar um emprego de verdade. Sujeito maluco!

E com um tombo, com uma queda dolorida, encerro minha escalada para a fama.


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Texto: Alexander Reis

Ilustração: Pablo Leandro

terça-feira, dezembro 02, 2008

Biscoito frito

Amigos, inimigos e leitores assíduos deste humilde, porém limpinho, Blog/Buteco!


Informo com muito pesar que estou gripado, tendo então que me sujeitar veja vocês, ao repouso, durante a preparação para Maratona do Samba que ocorrerá no próximo fim de semana.


Isso só pode ser olho gordo de algum participante que sabe do meu potencial! Mas darei a volta por cima, levantado e sacudindo a poeira. Pensando bem, abro mão da poeira. Posso piorar.


E para lembrar: Sexta tem texto de Alexander, que com seu fã clube arrasta milhares de visitantes, e também ilustrações de Pablo Leandro, o famoso negro drama da noroeste. Esperem pra ver!


Abraços e fiquem com essa curtinha!


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-Ai amor! Que noite maravilhosa! Hum... Teve bom né?

-Você por acaso sabe fazer biscoito frito?

-O quê? Essa posição é nova pra mim... Só conheço as tradicionais.

-Não mulher! É biscoito mesmo! Me deu uma vontade de comer. Lembrei de minha vózinha. Ela sempre fazia biscoito frito. Você sabe fazer?

-Lembrou da sua avó enquanto está na cama comigo? Tá de sacanagem né? Jurava que era algum tipo de tara. Acordar falando nisso... Freud explica.

- Eita! Nada a ver! Vontade é vontade, uai. E é facinho, sô. Se eu não fosse uma negação na cozinha tentava. Tem como?

-Que coisa! Você lembra a receita?

-Mais ou menos... Tem que ter 1 lata de leite condensado, 4 ovos, 2 colheres de de fermento em pó, farinha de trigo e 3 colheres de sobremesa de amido de milho.

-E ai?

-Aí é só bater o leite condensado e os ovos até dar a consistência de gemada. Acrescentar o fermento, farinha de trigo e o amido de milho. Misturar e acrescentar mais farinha de trigo, conforme o necessário, até dar o ponto de amassar com as mãos, sem sovar. Cortar a massa, fazer as rosquinhas e fritar. Depois, passar no açúcar com canela. Dilícia!

-Quem diria! Você sabe mesmo! Sinceramente, nunca tinha ouvido uma conversa tão interessante pós-coito.

-Por isso que você gosta de mim. Excentricidade é o que me deixa verdadeiramente sexy.

-Biscoito frito! Quando contar para minhas amigas, nunca vão acreditar.

-Contar? Pra quê? Eu heim. O que acontece na cama morre na cama. Não é assim?

-Até parece que você não conta tudo para seus amigos.

-Lógico que não. A gente confia na mulher, passa receita de família e ela sai contando pra todo mundo?

-Uai... Meio surreal não acha? Acabar de transar e falar em biscoito! Onde já se viu?

-Não! Não acho! E eu pensando que você era diferente. Que podia confiar meus segredos mais profundos e tal.

-Ai ai... Olha o drama! Tá bom. Não conto.

-Hunf. E aposto que nem vai fazer o biscoito.

-Faço sim meu lindo. Mas antes.... Vem cá vem benzim. Ainda dá tempo de mais uma.

-Sabe o que é bom também?

-Hummm... O quê? O quê, meu tesão? Diz no meu ouvidinho!

-Rosca de batata doce! Dilícia!