Escrita, realidade e falta do que fazer
Sempre fui um grande fã de crônicas, contos e afins. Fernando Sabino, Rubem Alves, Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, e outros, são uma constante em minhas leituras. Todos estes, sem exceção, já produziram algo sobre a arte de criar, o fazer, o brincar com as palavras. Admiro esta genialidade. Principalmente pensando naqueles cronistas que tinham que escrever diariamente para jornais e revistas. Imagino um dia que a falta de assunto batia (e devia inevitavelmente bater). Nada de interessante parecendo que vai surgir.
Então o gênio pensa: Escreverei sobre a falta de assunto! Perfeito!
Sendo o nosso querido país uma verdadeira piada pronta, ultimamente o que realmente não falta é assunto, principalmente quando enveredamos pra política, pro futebol ou pra música.
Explorar a bizarrice ou extrapolar ainda mais uma notícia que pode parecer inofensiva é algo tão mágico e oportuno para um cronista quanto deve ser para um político pedir propina. É tão natural e inexplicavelmente impuro, um gozo de fortes emoções. E chega de analogias!
Ao certo, finjo que não estou tão atoa, e me acabo em pensamentos, viajando por linhas e sílabas, até encontrar algo coerente ou interessante para contar. Sempre escrevi para que os outros pudessem ler (mesmo quando não mostrava pra ninguém). Algum fetichismo talvez.
Ater-me a este ofício neste momento é algo tão gratificante quanto me jogar ao mar num lindo dia de sol, esquecendo é claro o detalhe; nunca aprendi a nadar.
Por fim, estou desempregado, mas não desesperado. Escrevo para passar o tempo, e quem sabe, um dia ser reconhecido por alguma obra deixada. Sonhar é bom e travesseiro barato. E me orgulho do meu novo status, entrando de vez nas estatísticas brasileiras.
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