segunda-feira, maio 21, 2007

Entre becos, ruas e vielas


Tendo como ponto de partida os becos, as ruas e as vielas, imagine-se num bairro de periferia, ao lado de morros e favelas. Agora desenhe em seu pensamento a favela propriamente dita. Inclua neste desenho uma rua estreita chama Brasil Tri-campeão. Vire à sua direta e conte alguns passos. Pronto! Novamente à esquerda e entrará no Beco 5. Então é só chamar na terceira casa o nome de Andréia Jamaica e será atendido com muita satisfação.

Não tendo estas intimidades, continue na periferia, entre no bar do Montes Claros e peça uma Brahma gelada. Também será muito bem atendido.
Vá até a padaria, ou à casa que vende chup-chup ou fique na beira do campinho olhando os moleques jogarem bola. Você será sempre bem-vindo num lugar assim.

Porque comecei a narração desta forma? Pra explicar para alguns desavisados que 99% das favelas, vilas e afins é composta por gente de bem, trabalhadora, e se isto não fosse verdade com toda certeza já teriam invadido o asfalto e ai sim a população (que se diz de bem, verdadeiros cristãos) teria razão para ter medo.

O incentivo para este texto foi ter lido em um blog português coisas fantásticas a respeito de nossas favelas. Não que eu tenha orgulho de morar em um país onde grande parte da população não tem o mínimo básico para sobreviver. Longe disso. Mas, do mesmo modo é estranho compreender esta lógica (da maioria das pessoas) onde o meio faz o ser. Ou seja, uma pessoa nascida em uma região desprovida de riqueza está fadada à marginalidade? Mais determinista impossível.

A maioria dos comentários neste blog português, por incrível que pareça, tinham como base o filme Cidade de Deus. Duvido que Paulo Lins queria despertar preconceitos quando escreveu tal obra, mas, ao chegar em determinado destino, o que se pode fazer? Cada um concebe a idéia da forma que acha mais conveniente. Ou não? Seria um preconceito vivente que já faz parte definitivamente de qualquer ser humano?

Acho graça. Rir pra não chorar. Minha idéia para amenizar este problema? Primeiro: Desligue a televisão. Depois tire a bunda da cadeira e vá conhecer a realidade que transborda à sua volta. Falta sim um pouco de realidade na vida das pessoas. Nua e crua, como dizem.

Abusei da crítica neste relato. Fica a dica: Ouça Racionais Mc´s. Músicas: Negro Drama e Jesus Chorou. Boa hora pra expelir preconceitos e refletir. Já é um começo.

Inté!

3 comentários:

Anônimo disse...

Tiago, muito bacana a crônica "Entre becos, ruas e vielas". Me faz lembrar a história de grandes figuras que dali sairam e suas músicas. Como Cartola e João Nogueira, e suas músicas que em muitas vezes dizem desses lugares, como "Clube do samba" (João Nogueira.
Abraços, Reinaldo

Anônimo disse...

Ops, talento bacana que vc escondia de td mundo hein!!! Adorei o blog e os textos.
Parabéns!
Bjos, Priscila

Anônimo disse...

Chegou a hora

É Banjão, infelismente a população ainda é um conjunto "pírulas azuis" que estão felizes com suas vidinhas sem realidade e dominadas pelo medo de quebrar os paradigmas e encontrar o "fim do mundo" ou o "juizo final". A realidade é para poucos e a dominação atinge todos.

(cambada de idiotas, que insistem em manter os olhos fechados, fdp's)

grande abraço

adelino