quinta-feira, fevereiro 19, 2009

O Universo Fantástico da Filosofia de Boteco


Número 8


_ Bem, filósofo que se preze sabe o momento certo de fazer certos esclarecimentos. Não sei de onde tirei isto. De todo modo, bem, eu não me prezo. Não sou filósofo nem sei esclarecer, pelo contrário.

_ Pode refazer a frase, Sujo. Tente quantas vezes precisar.


Luizinho, amigo dos mais compreensíveis, sabe que nos bares é onde ouvimos as besteiras mais absurdas, mas também onde ouvimos besteiras que parecem sensacionais enquanto estamos embriagados, mas, enfim, não se diferem muito das besteiras absurdas. Pelo que calculo de cabeça: coisa de 92,5 % do que é dito na mesa de bar.


Pode parecer muito, mas na mesa de truco o índice de besteira chega a 98,9%. Na mesa de jantar, 76,4%. Na TV, o índice de bobagens é de 97,3% (incluindo aí as mesas-redondas, mas não os jogos de futebol). Calculei tudo de cabeça. Retomo: o fato é que o Luizinho, o amigo sensível (digo, compreensível), pensa que irá ouvir algo dos 7,5% de coisas interessantes. Não irá.


_ Não é de todo errado dizer que falamos muita besteira “aqui, nesta mesa de bar”. Em nosso favor, argumento que todo mundo é assim. Não reparou que escutamos asneiras o dia inteiro?

_ O dia inteiro. E concordo também com a parte do “não é de todo errado”, que você falou.

_ Mas o injusto é dizer que “aqui, nesta mesa de bar”, só falamos de mulher, política e futebol. Afinal de contas, não existem muitos outros assuntos.

_ Era isso que você queria dizer desde o início?

_ Sim.

_ Que grande idiotice.

_ Além do trivial, conversamos sobre filmes. Que falam de mulher, de política e, vez em outra, de futebol.

_ Espere. Sujo, seu desmiolado, você está sugerindo que o planeta não gira ao redor do sol? (mas de mulher, política e futebol?)

_ Política, por exemplo: não há canto com mais de dois humanos sem. Acho que com um humano e um cachorro já há uma relação política, mesmo que unilateral.

_ Unilateral, não. O cachorro não pensa, não deve ficar por aí fazendo política: até aí tem razão! Mas os cachorros têm em seu instinto, por exemplo, a política do balança-o-rabo, está em seus genes.

_ Que Darwin, bicentenário, não revire em seu caixão.

_ Fora as mulheres que, por influência canina, aderiram à política do balança-o-rabo. Melhor que a do rabo-preso...

_ Não importa. O que quero dizer é que qualquer assunto se desdobra, em algum sentido, em política.

_ E mulheres.

_ Quando falamos dos dissabores de um caminho errante, terminamos em política.

_ E mulheres. Deve estar cheio de mulher nesse tal de caminho errante.

_ _ Até quando falamos em religião terminamos em política!

_ Graças a Deus, não sou muito religioso.

(...)

_ Quando estamos sem assunto, sempre falamos de futebol, né Sujo.

_ É o que digo.

_ Serve como muleta, para uma conversa capenga. Pode servir também como uma metáfora para a alienação humana...

_ Não vem com frescura, Luizinho.

_ E as mulheres, sensacionais, falamos delas tanto porque somos obcecados por elas!

_ Você, nem tanto. Mas, mudando de assunto, sabia que o índice de besteira na internet chega a 99,2%?

_ Pouco. Pensava que era mais. Não sei de onde você tira estes números.


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Texto: Alexander Reis

Ilustração: Pablo Leandro


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Recado Importante, aproveitando o post!! Quem manda é minha amiga linda Janaína Moreno!


Caríssimos amigos.

Participo do conexão Vivo 2009, e convido a todos para visitarem o site http://jana.conexaovivo.com.br/
e votarem em meu perfil para finalista deste ano. Os 4 perfis mais votados estarão entre os finalistas que percorrerão o interior de minas fazendo shows.
Neste site vcs poderão escutar minhas músicas além de poderem ler coisinhas sobre mim e deixar recados.


A votação acontece até o dia 21/02. Conto com vcs na votação e divulgação


Um grande abraço
Janaína Moreno

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Curtas 3



Na escola, um funcionário


e aquele meu amigo que disse que neste carnaval vai lavar bem o pinto e a bunda, por que nunca sabe de qual dos dois vai precisar!!


Hoje de manhã...


-Alô?

-Alô! Te acordei?

-Com toda certeza. Ainda tô meio dormindo.

-Uai... Oce num ta trabalhando não?

-Nada.. Só de tarde e a noite!

-O quê? Sério?

-É uai.. dando aulas demais...

-Hum... bom... O Beto ta ai? Pode chamar ele?

-Beto? Num tem essa pessoa aqui não!

-Ops... Desculpa... Foi engano...

Tu tu tu tu...


Bar do Índio


-Um cerveja, por favor!

-Brahma como sempre né?

-Não, não! Hoje vou de Skol, ressaca danada! É bom tomar muita água.


Carnaval


-Vai fazer o quê?

-Ficar por aqui mess... meio desanimado...

-Ficar em BH? Que deprimente, rapaz...

-E num é? Talvez eu faça um churrasco. Vamos?

-Nada sô! Tô indo pra Itaoca!

-Sério? Bem feito!


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Flores Partidas


Existiu um cara chamado Vinícius de Moraes que disse certa vez:


Ah, insensatez que você fez

Coração mais sem cuidado

Fez chorar de dor o seu amor

Um amor tão delicado

Ah, por que você foi tão fraco assim

Assim tão desalmado

Ah, meu coração, quem nunca amou

Não merece ser amado

Vai, meu coração, ouve a razão

Usa só sinceridade

Quem semeia vento, diz a razão

Colhe sempre tempestade

Vai, meu coração, pede perdão

Perdão apaixonado

Vai, porque quem não pede perdão

Não é nunca perdoado


quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Cheguei meio que embriagado e não consegui escrever nada decente...
Fica pra amanhã!
Abraços!!

mas eventos estão ai: é só clicar (ORKUT)

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

A Parábola - Parte Final


Nossa narrativa não para (agora na nova regra gramatical) minha gente! O viajante quer chegar em casa e eu aqui enrolando... Semana atribulada, mas isso depois eu conto.


Lá ia ele, feliz e saltitante por seu caminho, pensando agora no clássico do final de semana entre XV de Jaú e Estrela do Norte quando percebeu que já podia avistar sua humilde residência.


Apertou o passo, pois não via a hora de dar um abraço apertado em sua mulher. E que abraço seria esse! Com toda certeza tentaria correr atrás do prejuízo!


Quando estava para chegar no pequeno quintal avistou sua mulher acariciando um jovem rapaz deitado na rede. Nesse momento, desperto pela raiva, tirou a peixeira de cabra-macho que era e já ia pra cima dos dois infelizes, quando lembrou do último conselho: Não aja de modo algum conduzido pela raiva.


Corno manso, Corno manso! Bradava o seu interior. Mas mesmo assim decidiu seguir o conselho do patrão e foi repousar nos fundos do barraco até se acalmar.


Com o cansaço da viagem acabou adormecendo e foi acordado por sua mulher logo pela manhã. Estupefata e muito surpresa ela o abraçou carinhosamente com lágrimas nos olhos como convém uma boa parábola sendo mexicana ou não.


Ele tentou impedi-la, perguntando prontamente quem era o rapaz com quem estava em chamegos. Ela naturalmente respondeu: Lembra do dia em que você partiu? Após nossa lua de mel? Eu engravidei! Aquele rapaz é o teu filho, já um homem com 20 anos de idade.


A alegria transbordou em teus olhos e mais uma vez agradeceu os conselhos do patrão. Nem se ligou ao fato de seu suposto filho ser negro, muito parecido com o antigo vizinho e ele branco de olhos verdes. Bobagem não é mesmo? Deve ter puxado o lado da família dela.


Assim, após uma confraternização digna de Hollywood, pegou o outro pão dado por seu patrão e repartiu entre seus familiares.


Surpresa tal, havia dentro da massa todo o dinheiro que lhe era devido, inclusive vários papelotes de cocaína, sementes de cânhamo, uma PT 380 e três identidades falsas.


Poderia seguir a vida, finalmente, ao lado de sua linda e fiel esposa.


Hoje em dia dizem as más línguas que se separou e vive com uma ninfeta de 20 anos e mais um rapaz que responde como Juan. Sua mulher fugiu para o EUA e casou-se com um negro espadaúdo, sargento de exército, que viaja muito.


Seu filho ficou na casa e apaixonou-se por Juan, criando um lindo triângulo amoroso, já que Juan também é chegado na nova esposa do velho homem.


Fala sério! Parábola assim nem Paulo Coelho né? Depois dessa, levantei bêbado e fui para casa escrever... Não poderia deixar passar...


Abraços minha gente e até a próxima!


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quinta-feira, fevereiro 05, 2009

O Universo Fantástico da Filosofia de Boteco

Número 7


“10, apenas feche os olhos”, diz Dr. Agenor.

“9, esqueça a noite, as futilidades, os vícios”

_ Se eu quisesse me esquecer, não estaria sóbrio.

“8, cale-se e concentre-se.”


“7, respire. Muito bem. Outra vez.”

_ Não precisa nem mandar. Faço no mais natural.

“6, cale-se e concentre-se.”


“5, você está em um lugar calmo, um jardim belo e radiante. Devagar...: Visualize.”

“4, não há sequer uma morena fazendo top-less ou lendo Uma casa para o Sr. Biswas. Não há ninguém.”

“3, Olhe: um copo de suco. Não há uma gota de álcool nele.”


“2, durma!”.

“1, você pode controlar o próprio ronco. Isto, muito bem.”


_ Diga-me seu nome.

_ Sujeito.

_ Diga-me: por que procurou a hipnose?

_ Talvez para experimentar uma onda, sei lá.

_ Você não veio para entender o passado e a origem dos seus traumas?

_ É, isso mesmo.


Quarta, 10h28min (Pré-carnaval de 1989)


Fazer uma regressão com Dr. Agenor é quase como viajar no tempo. Com a única diferença que regressão nada tem a ver com viagem no tempo. Estou em um muquifo, sentado, mamãe também. A nossa frente, uma placa em que se lê: Neca Benzedeira.

Sou apenas um garotinho de 9 anos, franzino, borrando as calças, provavelmente com medo da Neca Benzedeira.

Chega alguém. Seu rosto se esconde por trás de uma grande verruga peluda.

_ Em que posso ajudar?

_ Ô Dona Neca, admiro seus feitos. E não há quem dê jeito no meu filho, o Sujeito.


Começo a chorar. Neca Benzedeira consola mamãe, que é quem vai pagar a conta.

_ Senhora, seu filho é como tira-gosto queimado, como cerveja congelada no Freezer. Se a senhora tivesse tirado antes, o pior não aconteceria. Mas não se preocupe.

_ Você é boa na adivinhação, Neca Benzedeira. Ele tem 9 anos e aborto foi no que mais pensei, na época.

Volto a chorar, provavelmente chateado por mamãe dizer uma coisa dessas. Ou então, por estar no mesmo recinto da Benzedeira doida, não sei.

_ Senhora, até feijão sem tempero tem jeito.

_ O Sujeito tem se metido em tanta confusão.

_ Ele é cuca-frouxa?

_ É.

_ Bagunceiro? Encrenqueiro? Picuinha?

_ É também.

_ Ele não vai ser de todo inútil. Servirá de mau exemplo.

_ Coitadinho, meu filhote é um menino-problema! – mamãe olha pra mim e sorri.

A Benzedeira logo intervém.

_ Como Nêga Doida dizia, “problemas são como tarados bem dotados: se virar as costas, aí que a coisa fica feia.” Vou dar jeito.

Neca improvisa movimentos com as mãos, enquanto roda minha cabeça de uma maneira estranha e canta:


Esse daí vai gozar do incerto

Será dois mares de indecisão

Para salvá-lo da própria pirraça

Dou-lhe pinga, açúcar, limão


Pre’sse menino eu canto minha prece

A minha prece eu não faço em vão

Esse daí vai gostar de cachaça

Como o faminto gosta de pão


_ A reza tá feita, a senhora me deve mil cruzados novos.

_ Não imaginava que fosse tão caro. O serviço tem garantia, Dona Neca?

_ Não, não. Nêga doida é que dizia: contra defeitos de fabricação e o destino não se pode fazer nada.*

_ Se for defeito de fabricação, a culpa é do traste do pai... Se bem que, mal sei quem é.

_ Relaxe, senhora. Oxe!, somos boas pra criar problemas e crianças! Sei que é uma boa mãe. Apenas procure mantê-lo longe dos desajustados (...)


“2, acorde!”.

“1, você pode controlar as próprias lágrimas. Isto, muito bem.”, diz dr. Agenor. O destino é como a ciência e as coisas racionais: só gente doida acredita. Eu acredito é na mandinga da Benzedeira. Fora a extorsão.


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Texto: Alexander Reis

Ilustrações: Pablo Leandro


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segunda-feira, fevereiro 02, 2009

A Parábola - Parte 2


Mas agora que a parábola fica boa, meus caros. Nada como um pouco de ação na vida daquele andarilho que queria apenas voltar para casa.


Lembro-me com perfeição que nesta parte do conto, entre um copo de Brahma e uma leve tragada, o bendito contador era interrompido por outro bêbado presente no recinto. Bar do índio tem muito disso. Ninguém espera a vez de falar.


Continuando...

Andava ele pela estrada pensando na morte da bezerra quando passou um caminhão de bóia-fria lhe oferecendo carona.O motorista dizia que eles seguiriam por um trecho diferente, mas que poderia lhe deixar bem mais perto de sua choupana.


Quando já ia embarcar lembrou do primeiro conselho de seu patrão: - Siga sempre seu caminho. Muito agradecido recusou a gentileza e seguiu a pé, comendo poeira e tossindo como uma caipora doida. O caminhão partiu, é óbvio ululante.


Após algumas horas de caminhada ele percebeu um estranho movimento ao pé da ribanceira da mula manca. Vários curiosos que ali estavam lhe contaram que aquele caminhão de bóia-fria havia acabado de sofrer um terrível acidente, matando todos os passageiros, inclusive a retirante Luana, interpretada por Patrícia Pilar na novela Rei do Gado, da obra de Benedito Rui Barbosa. (lembram?)


Muito triste, ele continuou seu caminho, quicando e mexendo o ombrinho, ao mesmo tempo também dando graças por não ter subido na boléia daquele veículo.


Cansado de andar decidiu se hospedar em uma pequena pousada, que era barata e humilde, porém limpinha. Entrou em seu quarto e quando já estava pronto para dormir ouviu estranhos sons que vinham do lado de fora. Uma bagunça infernal tomava conta da bagaça.


Quando já ia abrir a porta e ver o que se passava lembrou do segundo conselho do estimado patrãozinho: - Não seja curioso.


Respirou fundo, concentrou-se em algo menos excitante como a música do Wando Meu iaiá meu ioiô e voltou para cama. Acabou dormindo o sono dos justos.


Na manhã seguinte foi acordado pela polícia, sirenes e rabecão. Contaram-lhe então que na noite passada o filho do dono da pousada, viciado em crack, cocaína e RBD chegou fazendo muito alvoroço e matou à todos que ousaram sair do quarto.


Nosso viajante juntou seus trapos e saiu rapidinho dali, por que tudo que não precisava naquele momento era servir de testemunha, passar duas horas na delegacia e dar entrevista para o "jornal" Super. Antes é claro, agradeceu novamente por ter se lembrado das palavras do querido patrão...


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E agora que a história tá ficando boa, mais uma pausa. Continuo depois, viu?

Programação cultural pra lá de porreta? clica ai! (orkut)

Abraços!!