sexta-feira, outubro 31, 2008

Discurso


Vídeo em homenagem ao dia das bruxas. Me dá muito medo!

Sempre gostei de uma oratória bem feita, retórica imponente e discurso firme. Sinceramente, fico encantado quando alguém consegue me prender em um tema que não seja muito de meu interesse. Já sou meio avoado, e essa premissa se confirma quando em nada manjo do assunto.

Mesmo assim tento prestar atenção em oradores de profissão, como políticos, professores, palestrantes, jornalistas, militantes, padres, pastores, celebridades, sub-celebridades e coisas do gênero. Muitos me surpreendem pela ruindade, já que, vivendo disso, deveriam ser no mínimo razoáveis.

Para se ter um bom exemplo cito nosso querido ex-presidente FCH que poderia passar horas a fio desenvolvendo uma teoria sobre o potencial subatômico do urânio para no fim dizer simplesmente: Peidei. Este era o rei do discurso vazio.

Outro bom exemplo na política (são tantos) é o nosso novo prefeito. Não apenas o sorriso que me lembra uma abóbora do dia das bruxas, como também a incapacidade de conseguir articular uma frase sem fazer caretas.

Já tive professores doutores que diziam “plobrema”, e tinham o gerúndio como modo de vida, sem contar o essencial “a nível de”. Pra quem achava que era exclusividade do telemarketing, digo que não. Dava medo e preferia sair de sala e ir tomar café. Nessa época viciei em café, mas pelo menos meu português não saiu tão danificado.

Fui uma vez em um casamento num templo evangélico. Nunca vi tanta confusão numa cerimônia. O Pastor não sabia nem contar até dez, o que dirá ler uma bíblia. E eu achava que confusão era levar a Revista Veja pro banheiro e não saber com que papel limpar.

Admito que também cometo meus erros. Já engasguei em palestras e vez ou outra engulo letras enquanto ministro minhas aulas. Falo gírias, mas poucas, que não comprometem. Tento falar minhas mentiras de modo convincente.

Mas o melhor exemplo deixei para o final. Era o ano de 2002, e eu tinha acabado de entrar pra faculdade. Sala de calouros sempre uma infinidade de visitas. Entra um senhor de uns 60 anos, de terno e gravata, oferecendo um curso. O pobre homem não conseguia explicar o que estava vendendo. Tinha uma péssima postura, voz irritante e vocabulário pior. Seu produto? Como falar em público! Juro!

Depois dessa percebi que nada mais me atordoaria. Ledo engano. Durante os 4 anos de graduação e mais 1 de pós descobri como não se deve falar, como não se deve escrever e, principalmente, o que não se deve escutar.

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Deixo, por fim, um abraço de Parabéns ao meu grande amigo Bernardo Botarro, que desde 2004 está fazendo 18 anos! Felicidades meu caro! 20 anos de amizade é assim!

segunda-feira, outubro 27, 2008

A mulher que nunca veio


Ele se sentava todos os dias no mesmo canto do bar. Pedia uma cerveja, acendia um cigarro e por ali ficava, até altas horas da noite, abrindo a boca apenas para pegar mais uma cerveja ou acender mais um cigarro. Sempre fechava a conta no mesmo horário, pagava e saía, e com apenas um aceno se despedia dos outros ao redor.


Os homens que também freqüentavam achavam-no estranho. Devia sofrer dos cornos, diziam com freqüência. O dono do bar o defendia, não queria perder um bom cliente, muito menos causar intrigas em seu recinto. Mas uma coisa era certa, aquele homem, sempre tão distinto e misterioso causava grande desaprovação, assim que entrava ou saia do local.


Nunca alguém chegou uma única vez para lhe dirigir a palavra. Mesmo porque estavam ocupados demais com os próprios copos, ou os próprios problemas ou o jogo do fim de semana ou a mulher do próximo. Assim seguia aquela perturbadora rotina.


Era um buteco desses de bairro, onde todos se conheciam há anos e normalmente moravam bem perto. Saíam do serviço às 18 horas e ficavam bebendo até fechar as portas ou abrirem o bico. Mesmos pedidos, mesmas conversas. Vício combinado com preguiça de se chegar em casa, talvez. Vá se saber.


Mas aquele homem era diferente. Não era do bairro. Tinha começado a freqüentar havia poucas semanas, e, no entanto já era um dos mais famosos por ali.


Certa vez, um dos habituais fregueses sentou-se na mesa ao seu lado, com o intuito de puxar assunto e acabar de vez com aquele ar de estrangeiro. Homem de poucas palavras acabou não informando nada de importante, somente o trivial. Sempre reticente apenas fez aumentar a sombra que já lhe envolvia.


Teorias foram surgindo e a curiosidade aumentando. Diziam que era um policial, atrás de algum suspeito. Ou então um bandido fugindo da polícia. Parecia um daqueles psicopatas que se vê no jornal. Talvez tivesse matado a mulher ou mesmo toda a família e ia ali para o bar expiar os pecados ou procurar uma nova vítima. As histórias eram tantas e tão absurdas que já tinham virado piada.


-Vai ver é um simples corno mesmo! Esperando a mulher que fugiu com o carteiro, leiteiro ou jornaleiro, ou mesmo com os três. Ele fica sentado ali calado. Esperando ela voltar.

-Vai ver que ela nunca veio né?

-Como assim?

- Uai... talvez um amor platônico, não?

-Vai ver é gay.

-Gay? Ele não tem cara de gay. E o que isso tem a ver?

-E desde quando gay tem cara?

-Ainda acho que é isso. Esperando aquela mulher, perdida no passado, que nunca veio e talvez nunca apareça de fato.

-Metido a poeta, você heim?

-Aprendi com sua mãe.


Pra não piorar as coisas, as discussões eram cessadas pelo dono do bar que propunha mais uma cachaça e um novo assunto qualquer.


Apesar de toda inquietude, este mesmo homem que mexeu com o cotidiano do bar durante um mês, do mesmo jeito que veio se foi e nunca mais voltou.


Sua mesa ficou vazia por vários dias, até ser ocupada por uma misteriosa mulher, com olhar ao longe, que chegava e nada dizia.


Mais uma vez a vida girava, passava e ficava na mesa de um bar.


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Tentativa de um texto um pouco diferente. Espero que seja do agrado de todos. Aceito críticas e sugestões viu?


Aproveitar para divulgar o show de Janaína Moreno, sábado que vem no bar A Casa. Samba de primeira qualidade. Mais informações abaixo.


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sexta-feira, outubro 24, 2008

O Universo Fantástico da Filosofia de Boteco


Número 1


Domingo, 9:13.


Consegui chegar ao fim. O samba da madrugada, ao que me parece, vai até tarde de verdade. É, se alguém me viu as três da madruga não imaginou que eu alcançaria o raiar do dia. Assim é que penso. Mas passo despercebido, acho que ninguém me viu. Fato mesmo é que consegui ainda chegar em casa. E consegui olhar o relógio.


_ Olha, nove e treze – Mamãe já de pé, sinal de café. Café passado, alegria de bebum virado. Bom dia mamãe, disse, disfarçando a embriaguês (indisfarçável). É que ela fica resignada quando percebe que é difícil a adaptação à lei seca. Okay, não há blitz que dure até o fim do samba da madrugada.

_ Bom dia pra mim, que pra você é boa noite. Precisava chegar tão tarde?

_ Tarde não, tá cedo. Precisar... não precisava, mas é como a senhora diz: “faça o teu melhor.”

_ Nossa, o bêbado piadista.

_ Acho que é “e o equilibrista”, mãe.

_ Acho que é o bêbado idiota, filho.

_ Han?

_ Han nada. Isso é hora?

_ É que me apaixonei pela vocalista da banda e ela só ia parar de tocar as seis e pouco...

_ E aí?

_ Ha, quando marcou seis e pouco eu já tava apaixonado por outra.

_ Tá igual teu irmão. Que só se aquietou quando veio o terceiro filho. Não, tá pior, tá bebendo demais.

_ A senhora que não conhece o Tiago.

_ Meu filho, olhe: você tá no fundo do poço.

_ Andei pensando nisso, mãe. No fundo, o poço não tem fundo. Nunca percebeu mãezoca?

_ Mãezoca?

_ Ô mãe, quem inventou a expressão não pensou que é impossível encontrarmos o fundo do poço. Ora, sempre podemos nos afundar mais.

_ É?! – perguntou, agora com cara de orgulho, de que eu era um filho inteligente. O mesmo olhar afável que recebi quando passei no psicotécnico.

_ Explico, mãe: foi só cruzar o fundo do poço com a lei de Murphy, cheguei a essa conclusão.

_ Entendi. Você cruzou o fundo do poço, atravessou o pé na jaca e acabou de chegar.

_ Em tese, não podemos cruzar o fundo do poço, ele é o ponto final, mamãe. A única forma de descobri-lo seria deixá-lo e não mais voltar nem se aproximar: o que é impossível!, nunca vamos saber se chegaremos a algum lugar pior. A não ser que se inventasse o fundo do fundo do poço, coisa que não creio. Em resumo, fundo do poço é coisa que não há.

_ E na lama, na lama pode, não pode?

_ Na lama... acho que pode, mãe. A senhora conhece o Luiz, é um exemplo...

_ Mas aquele ele ali já tá com o pé-na-cova, não é exemplo para ninguém.

_ Exemplo de lama, mamãe.

_ Pé-na-cova pode?

_ Pé-na-cova pode. Já que é só um pé, você pode colocá-lo e tirá-lo várias vezes...

_ Eu?

_ Digo, o Luiz. Além do que, não há aquela carga, aquele juízo de valor do fundo do poço, não tem problema.

_ Boa noite, menino.

_ Para a senhora, um bom dia!


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Texto: Alexander Reis

Ilustração: Pablo Leandro


Sexta sim, sexta não, no Buteco BH, em sua Mesa de Bar!

quarta-feira, outubro 22, 2008

Recados e convites



Entonces, meus caros! Eleições chegando e o desânimo também... Meu amigo João Carlos prometeu uma crônica sobre o dia do pleito. Fico na espera. Alexander também estréia nesta sexta-feira com um texto bem irônico e divertido. Vale a pena.


E eu? Bom... Pós-greve as coisas ficaram um pouco corridas. Fechando bimestre, fazendo e corrigindo provas, trabalhos e preenchendo os malditos, malfadados e arcaicos diários. Apesar disso, do salário, do Aécio, e da Vanessa Guimarães, adoro ser professor e vou levando à sorrir e cantar...


Pra não ficar no vazio, recomendo algumas atrações pra lá de especiais, de talentosas amigas:

A primeira vai um mea culpa, pois a apresentação foi hoje, na praça de serviços da UFMG. No entanto destaco seu grupo de dança, Sarandeiros que está com o espetáculo chamado Quebranto. Daniela Gomes vai me falar a agenda (viu?) e eu informo com mais exatidão. No mais, quem já viu esta moça no samba, sabe que vale a pena! Tirando o fato dela não beber e nem gostar de kani, é uma pessoa maravilhosa!


A segunda: Aruanda Encanta e dança na cidade - Aniversário 48 anos. Também um grupo de dança, comemorando mais um ano de existência. Denise Castro, que eu também conheci no samba, faz parte deste espetáculo. Pra quem diz que no samba só tem pé de cachorro. Cultura se aprende é assim. Dia 01 de novembro, às 20 horas na praça da Liberdade! É grátis viu?


A terceira: Amiga de longa data, estreando como atriz, eu não podia deixar de falar né? Ana Luiza Coelho, no espetáculo O Negro, a Flor e o Rosário, dirigido e protagonizado por Maurício Tizumba. (retificação de endereço e data logo abaixo). Além de Ana e Tizumba também conheço nesta peça e destaco Elisa de Sena, Vivi, Bela e Ana Cecília. Único defeito de Ana Luiza? Ser atleticana sofredora, tadinha...


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Pronto! Após a merecida rasgação de seda, tenho que voltar para meus diários


Sexta-feira, novos parceiros na área!


Abraços!



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Foto de Luiz Carlos. http://www.luizoliveira.com.br/
Pra quem conhece pelo menos uma das três amigas, saberá a razão deste sorriso.


sexta-feira, outubro 17, 2008

Novidades


Pois então! Estamos nos preparando, com calma e paciência. Garantia de coisa bem feita, podem ter certeza. Adianto que Alexander passará a postar crônicas nas sextas feiras, de 15 em 15 dias, com as ilustrações de Pablo Leandro! E eu, usarei as fotos de Luiz Carlos, para estes textos sobre os sambas de BH. Não adiantarei a lista de sambas, para não perder a graça. Só peço um pouco mais de paciência, como diria Lenine. E pra não perder a viagem, uma curtinha, e bom fim de semana a todos.

Abraços!


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Ditados


-Como diria o outro...

-Que outro?


-O outro, Zé Mané! Não importa! Qualquer um...

-Há.. então tá, diz logo...


-Então... Como diria o outro, Passarinho que come pedra, sabe o cu que tem. Não é assim?

-Sei lá, rapaz! Ora, (direis) ouvir estrelas!


-Uau! Atacando de Olavo Bilac?

-Olavo quem? Que eu saiba essa frase é do Kid Abelha.


-Dai-me paciência senhor...

-Oce ta bêbado?


-Talvez... Por que a pergunta?


-Não sei.. Estava pensando aqui com meus botões... Eu estou bêbado, e quando fico bêbado tenho a tendência de falar comigo mesmo certos diálogos (ou seriam monólogos) completamente sem nexo, onde, normalmente eu, sendo o primeiro interlocutor de mim mesmo, (ta certo isso?) nunca estou com a razão. Entendeu? Sendo assim, paro pra pensar: Será que você existe ou é apenas produção de minha mente para eu me auto-flagelar fazendo com que me sinta mais idiota que o normal, no entanto menos sozinho?


-Para de show rapaz... As pessoas já estão olhando!

-Eu sabia! Seu alter ego de araque.


-Ai ai... Como diria o outro...

-Que outro?


-O outro, imbecil... O outro!

-Há ta.. Aquele mesmo outro do passarinho né? Diz ai!


-Como diria o outro, Cada louco com sua loucura!

-Fraquinha essa heim? Tenho uma melhor... Lá vai...


-Manda!

-“Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”


-Arrasou! Fernando Pessoa!

-Fernando quem? Num é Renato Russo não? Aquela música que ele fez pro namorado?


-Ai.. depois dessa vou embora...

-E quem paga a conta?


-Você, lógico! Já viu alter ego ter dinheiro? Como diria Freud...

-E o outro?


-Que outro?

-O do passarinho, animal!


-Ai... Garçom! Uma cartela de Leponex e a conta, por favor!


terça-feira, outubro 14, 2008

Nesta cidade, em que mora o samba


Certa vez, quando ainda era um pequeno catarrento (hoje já sou um catarrento crescido) estava mexendo em alguns discos na casa de Vovó Dona Ilda, com sua permissão é claro, quando vi algo que chamou minha atenção. Sempre gostei de coisas velhas, destino traçado.


Nas infinidades de títulos me interessei por dois que tinham uma capa incrível! Vários desenhos de pessoas com instrumentos, sorrindo. Apesar do magnetismo inicial acabei pegando O trem da alegria pra ouvir mesmo. Nunca gostei de Xuxa. Ela me dava (e ainda dá) um pouco de medo.


Os anos foram passando, e fui devagar conhecendo um pouco mais sobre música e criando uma identidade própria, ou algo do tipo. Passei pelo rap, rock, pagode, jazz, de volta ao rap, MPB, e diluído nisso tudo, sempre, o samba. Com a modernização e a bendita criação do CD, vovó acabou me dando todo seu acervo, e pude explorar de verdade aquele potencial.


Os discos em questão? Samba no céu e Choro no céu, coletâneas da década de 80, com sambistas e chorões que já haviam falecido. Espetáculo musical de verdade. E assim fui estudando, conhecendo, pesquisando e me apaixonando pelo samba e todo seu universo.


Ataulfo Alves, Pixinguinha, Noel Rosa, Wilson Batista, Ismael Silva, Ciro Monteiro, Adoniran Barbosa, Nelson Cavaquinho, Cartola, Clara Nunes, Vinícius de Moraes, povoaram meu imaginário e ainda me fazem voar pra longe. Sabe aquela história? Pois é, o samba passou a fazer parte.


Sou viciado em música e tenho uma facilidade tremenda para decorar letras, mesmo que as tenha ouvido apenas uma vez. Um dom e uma lástima já que sempre me pego (sem querer, juro) corrigindo cantores no meio da apresentação. Creio que alguns se sentem tremendamente ofendidos mas para outros, vira até um canal de aproximação e uma construção de amizade.


Por que essa introdução? Bem, a partir de hoje passo a intercalar com as crônicas habituais, alguns escritos sobre casas de samba, compositores, interpretes e tudo deste cenário, especificamente em nossa linda Belô.


Mesmo com o receio inicial, creio estar pronto para tal desafio.


As inovações? Bom... Meus amigos sabem como sou um “escritor” compulsivo, entonces, trabalho em mais dois projetos paralelos, de pesquisa e literatura, além de dar aula... Meu tempo sobra.


Teremos então as fotos e ilustrações do meu amigo Luiz Carlos, que só não é mais enrolado do que um novelo de lã, além dos desenhos do Pablo. Sem contar algumas intervenções do jornalista Alexander dos Reis e as idéias e apoio de Adelino Pinheiro, diretamente de Almenara para o mundo!


Coisas novas irão surgindo para deixar este blog com traços mais originais possíveis.

Espero que todos gostem.


Abraços!


p.s Foto de Luiz Carlos, sem título até onde sei... depois passo o site/portifólio dele, ok?

segunda-feira, outubro 06, 2008

Eleições Municipais ou um motivo a mais para ser gauche na vida



Domingo último foram realizadas as eleições Municipais em todo país. Não tendo eu respeitado em momento algum a chamada Lei Seca, acabei sem qualquer fato engraçado ou relevante para contar. Quase uma amnésia alcoólica seletiva. Mesmo por que eleição é coisa séria.


É tão séria que em 2006 conseguimos eleger candidatos com o quilate de Frank Aguiar (o cãozinho dos teclados auuu) e Clodovil Hernandes ambos em Sampa e pelo orgulho de ser belorizontino, Antônio Roberto aqui nas Gerais. Sinceramente não acompanho o mandato de nenhum deles, o que é um erro da minha parte, confesso.


Não sou dos melhores ativistas e muito menos teria paciência de conversar com pseudosqualquercoisa. No entanto, faço valer o poder de escolha, indo para o local de votação, que não chama zona á toa, sempre convicto de que estou votando no melhor candidato. Já é alguma coisa, poxa.


Levei minhas priminhas comigo, para ir ensinando a elas a importância de tal ato. Inclusive mostrei como o povo é porco (sem querer ofender os suínos) ao encher o chão de santinhos. Sou um bom primo mais velho!


Depois de uma fila básica num corredor apertado e muito calor, elas apertaram as teclas e confirmaram meu voto. Coisa linda de se ver. Estava completo o grande milagre da democracia brasileira.


Saí da escola e meu primeiro ato foi abrir uma Brahma gelada e tocar meu pandeiro, pra relaxar de vez. Família foi chegando e juntando como era de se esperar. Mais uma desta, só no natal, eu acho.


Na semana que passou tentei falar com meus alunos sobre a importância de um voto consciente. Não me levaram muito a sério. Talvez porque a descrença já é geral, ou porque não consigo tirar o sorriso do rosto (meio amarelo) ao falar de política dentro de sala. Me acham um tanto palhaço, sei lá.


Sempre que explico estado teocrático, dou o seguinte exemplo: É como se Aecinho fosse considerado deus em nosso estado, quase como realmente acontece. A piada é péssima, né? Mas eles sempre prestam atenção, fazem algum comentário malicioso relacionado à cocaína (por que será?) e acabam assimilando.


Política é piada ou um caso sério? Os dois pra ser exato, dependendo de quem está analisando. Meus amigos às vezes passam a noite inteira conversando apenas sobre política e educação (leia-se problemas na educação). São professores de história assim como eu, ou seja, chatos como só um historiador sabe ser.


Pior, apenas quando ainda eramos estudantes de história. Entram nessa também quem faz direito , jornalismo ou filosofia. Mas são meu amigos, apesar de tudo.


A verdade é que hoje não consigo fazer graça quando vejo um debate ou coisa do tipo e digo mais, vai ser um sufoco votar neste segundo turno. Acho que desta vez vou sozinho, pra não passar vergonha com minhas priminhas ao dizer o número do candidato menos pior.


Abraços, boas escolhas e bom voto!


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P.s... A novidade vai ficar pra depois... num deu tempo de preparar... Paciência, paciência...

quinta-feira, outubro 02, 2008

Chovendo a Cântaros


Dia desses peguei o livro de crônicas do escritor Carlos Eduardo Novaes para reler o texto em que ele trata de um temporal na cidade do Rio de Janeiro. Chuva pra lá de tenebrosa e o nobríssimo em casa, no aconchego do lar, pensando que, no jantar entre amigos do dia seguinte, nada teria para contar das mazelas ou perigos passados durante o acontecido. Seria um assunto único na mesa. As pessoas adoram falar do que sofreram não é mesmo? Até comparam o grau de sofrimento. É natural.

O que ele faz? Sai de casa primeiramente a pé e depois de carro, para no mínimo pegar um trânsito confuso, molhar as canelas ou participar de um buzinaço. Aí sim, a socialização do dia seguinte estaria garantida.

Mês passado passei por algo bem parecido, e esta idéia não me pareceu tão idiota assim. Choveu granizo em Belo Horizonte, poxa. Onde já se viu? Meu quintal completamente branco de pedras de gelo e eu na varanda, olhando atentamente cada iceberg que se dissipava.

Com o fim do aguaceiro, é claro que eu não fiquei em casa. Estava em greve e tinha mais o que fazer. No entanto, após minhas atividades concluídas, sentei num costumeiro boteco e tive que ficar alheio a qualquer tipo de conversa. Só falavam da tal da chuva e seus estragos... E eu sem absolutamente nada para contar.

Carros, telhados, vidros, cabeças... Tudo destruído... Pensei logo no apocalipse, ou no mínimo numa falha do LHC. Um pandemônio com toda certeza. Em casa, uma amiga liga, lamentando perdas. Minha mãe, a mesma coisa, contando de quem tinha sido levado por enxurrada e até sobre um senhor que caiu do telhado ao tentar tapar buracos.

Por fim, virei um simples coadjuvante de uma tarde tão marcante para muitos. O máximo que pensei foi em esticar um copo de whisky e pegar algumas pedras de gelo, enviadas diretamente do céu. Um red label divino e eu já estaria muito bem servido, concordam?

O jeito é esperar a próxima chuva... Quem sabe não tenho no mínimo uma entorse pulando sobre poças d´água. Já seria alguma coisa...

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p.s. O Próximo texto tratará destes novos projetos que estou desenvolvendo.
Abraços a todos e até lá!