terça-feira, outubro 20, 2009

Entreatos


Estava eu novamente no balcão de um bar. Nada mais natural, digamos. Cerveja gelada, lugar de sempre, bicando a conversa alheia. Procurando reminiscências para clarear as ideias. Interessante uma noite assim? Vejamos:

1 – Entra um bêbado. Diz me conhecer, pede um cigarro e uma cachaça. Me chama de Rastaman, oferecendo um efusivo abraço, que recuso com um tapinha nas costas. Ele bebe a pinga e dorme no balcão. Acorda assustado e se vai, não sem antes tentar um novo abraço, que eu novamente recuso, é claro.

2- Mulher ao lado, acena para um garotão, que finge que não a vê. Ela tristemente olha pra mim e pergunta: - Eu tô tão feia assim? (juro que aconteceu de novo... acho que tenho cara de espelho de madrasta malvada). Digo que não, ela agradece e volta a seus devaneios, mas menti, devia ser muito bonita sim, só que por dentro, talvez.

3 – Dois jovens na fila do banheiro. Banheiro de buteco, onde mal mal cabe um, mas os dois entram alegrinhos, alegrinhos... Das duas uma: ou é paladar e tato ou é olfato. Prefiro não pensar em nenhuma das opções e me volto pro balcão.

4 – Hora dos doidos de plantão. Vão chegando um por vez. O primeiro é o Neném, um senhor grandalhão e careca que fala embolado e vive de óculos escuros. Vem cumprimentar e começa o discurso. Entendo apenas o final das frases, mas creio que não perco muito de sua retórica. Sai Neném e chega Marcão, perambulando pelas mesas, cantando sambas antigos. Em sua boca faltam pivôs e centroavantes. Ah! E cospe que é barbaridade. Mais uns minutos entra o Dudu, doidinho que só... pede cerveja pra todo mundo e é meio cambota, e por fim o Gordo, vendedor de DVD pirata e umas da pessoas mais engraçadas que já vi. Normalmente bate no Dudu, entre uma piada e outra.

E madrugada adentro as coisas vão se acalmando, entre brahmas, fumaça e muita conversa fiada. O bar fecha e ainda dá tempo de tomar uma saideira ao lado com as moças que antes me atendiam. Poxa, elas também são filhas de Deus né.

O certo é que, para espairecer um pouco não há lugar melhor, isso eu garanto. Contando assim parecem verdadeiros atos, escritos por um teatrólogo medíocre, mas não. Verdade verdadeira. Pra quem quiser conferir é só experimentar uma madrugada assim, como dizer, profissional.

E deixo bem claro, o bom profissional bebe de segunda a quinta. Fim de semana é coisa pra amador! E tenho dito!



Twitter: http://twitter.com/tiagosanzio

7 comentários:

Filipe Araújo disse...

pô, tiagão! sabia q o zazá e o saulin fraquentavam o mesmo buteco qvc ñ! jejeje

Saludos!

http://gambetas.blogspot.com

expsto escondido disse...

uma dilícia de ler. viu? comentei. eita butecos inspiradores, heim?
Vanusa

Alexander Reis disse...

Amador é aquele que ama. E quem ama, não ama só nos fins de semana.




Não??


Um abraço. Por trás.

Venúncia disse...

Tiago, aquele marvado do fusquinha podia ter entrado nessa heim! Que figuras estranhas... Mas quem não é? Bacio pra você.

Venúncia disse...

Ah, aproveitando a deixa, diz pro Luiz que gostei muito das fotografias, temos um profissional entre nós..

Noh Gomes disse...

Eu quero um buteco assim, me convida???


Beijos

Unknown disse...

Você é um profi de carteirinha, selado e carimbado... quem somos nós, reles amadores??!!!